O Museu de Arte do Rio (MAR) e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) inauguram neste sábado (29) às 12h, a exposição Imagens que não se conformam. A entrada é gratuita e o horário se estenderá até as 18h. A mostra reúne obras históricas e contemporâneas.
“Criamos um diálogo entre obras históricas do instituto com obras contemporâneas do museu e de artistas convidados. Temos muitas novidades, entre elas obras feitas exclusivamente para a exposição, de artistas contemporâneos. Tem raridades do instituto, desde pinturas históricas, retratos, até um carrinho de mão usado pelo Barão de Mauá em inauguração de estrada de ferro. E temos muitos artistas indígenas e também afrodescentes, que revisam a história da exposição, como uma história atualizada, com questões indígenas e afrobrasileiras”, disse à Agência Brasil o curador-chefe do MAR, Marcelo Campos. A exposição complementa a história e, ao mesmo tempo, “conta uma história virada do avesso”, disse.
A escolha do nome da exposição Imagens que não se conformam nasceu de um diálogo entre Marcelo Campos e Paulo Knauss, sócio do instituto histórico, sobre como expor uma coleção com obras mais antigas e como elas poderiam vir para o presente.
Knauss argumentou que as imagens não se conformam. “Ou seja, as imagens são sempre incompletas”, narrou Campos. “Falta contextualização, por exemplo, quando você coloca uma obra do museu. Por outro lado, tem outras histórias que não foram contadas.” Segundo ele, “nem tudo cabe em uma imagem e, politicamente, as imagens vão ficando restritas à história dos vencedores, das pessoas da nobreza”.
Já Marcelo Campos afirmou que a mostra é justamente o encontro, “para podermos contar mais histórias, atualizar essas histórias”.
Obras
Cerca de 200 itens estarão expostos, entre vídeos, fotografias, pinturas, manuscritos, lambe-lambes e esculturas. “É uma exposição muito rica”, disse o curador-chefe do MAR.
A exposição ficará aberta até outubro próximo, de quinta-feira a domingo, no horário de 12h às 17h. Serão admitidas na galeria 20 pessoas por vez. O museu está equipado segundo as determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para receber o público presencialmente em suas instalações.
Foi estabelecido limite de entrada de pessoas no elevador, visando evitar possibilidade de contágio pelo novo coronavírus. O uso de máscaras é obrigatório, bem como a obediência ao distanciamento social. Frascos de álcool gel estão disponíveis em todas as instalações do museu.
Destaques
Entre os destaques da curadoria do Instituto Histórico está o crânio do homem de Lagoa Santa, uma das raridades da coleção. Descoberto por meio de pesquisas paleontológicas realizadas entre 1801 e 1890 pelo dinamarquês Peter Wilhelm Lund nas grutas da região mineira de Lagoa Santa, o crânio é um símbolo da história da ciência no Brasil do século 19 e tem cerca de 11 mil anos.
De acordo com Paulo Knauss, outras raridades na mostra são o Marco de Cananeia, lápide do século 16, que é um dos vestígios mais antigos da colonização portuguesa no Brasil, além de peças dos séculos 19 e 20.
“Há peças que surpreendem, como a pá que dom Pedro II usou para inaugurar a obra da primeira estrada de ferro brasileira, e peças que emocionam, como a famosa Roda dos Expostos (da Santa Casa de Misericórdia), usada para receber crianças abandonadas por suas famílias e que evidencia, a partir da história da infância, o drama da construção da sociedade no Brasil.”
O IHGB foi fundado em 1838 na cidade do Rio e reúne estudiosos de história, geografia e ciências sociais, dedicados a pensar a sociedade brasileira. O instituto fez parte do conjunto das instituições que participaram do processo de consolidação do Império do Brasil e tinha como patrono o imperador dom Pedro II.
Fonte: Agência Brasil