A diabetes gestacional é uma condição que preocupa muitas gestantes – e também mulheres que desejam engravidar. Considerada uma das principais causas de internações e intercorrências no período gestacional, ela oferece riscos para o binômio mãe-bebê. Estima-se que a alteração ocorra em até 20% das gestações, podendo afetar inclusive mulheres sem histórico pessoal ou familiar da doença. Na maioria dos casos, a condição desaparece após o parto.
A diabetes gestacional é considerada uma das principais causas de internações e intercorrências no período gestacional, oferecendo riscos para a mãe e o bebê| Fotos: Divulgação/IgesDF
No Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) é referência no atendimento a gestantes de alto risco da Região Sul e do Entorno. A unidade realiza atendimentos obstétricos, partos e oferece o serviço ambulatorial de pré-natal de alto risco.
Ginecologista e obstetra do HRSM, Ana Carolina Ramiro destaca que muitas mulheres – não só as gestantes, mas também aquelas que estão tentando ou planejando engravidar – acabam se esquecendo de cuidar da própria saúde antes da gestação.
“O nome assusta, eu sei. Mas ele não precisa ser um susto se virar um cuidado. A diabetes gestacional aparece durante a gravidez e, apesar de temporária, pode deixar marcas se não for cuidada com carinho e atenção. E, veja bem, não tem a ver com ‘culpa’. Tem a ver com informação, prevenção e, acima de tudo, amor-próprio.”

Ana Carolina: “A diabetes gestacional aparece durante a gravidez e, apesar de temporária, pode deixar marcas se não for cuidada”
Como evitar?
A médica explica que não existe fórmula mágica, mas sim hábitos simples que ajudam a proteger mãe e bebê – como verdadeiras muralhas invisíveis contra a doença.
“Movimente-se. Caminhada, hidroginástica, dança – o que for possível. O corpo da mãe é a casa do filho. Uma casa em movimento é uma casa viva. Escolha o que nutre, não o que só preenche: pães integrais, frutas com moderação, vegetais, boas fontes de proteína. Menos açúcar, mais intenção. Durma bem, respire melhor, desacelere. O estresse também desorganiza o corpo. A pausa é parte do cuidado. Acompanhe os exames. Não tenha medo do resultado. O medo não evita nada – o cuidado, sim.”
Ela ressalta ainda a importância do diálogo com o médico responsável pelo pré-natal: “Converse com seu médico. Coma o que puder, faça o que der, mas não se silencie. O diálogo é parte do tratamento preventivo”, aconselha Ana Carolina.
Para a obstetra, a gestação é uma travessia – e toda travessia exige preparo. “A parte mais bonita de tudo isso é que, ao cuidar da sua saúde, você está ensinando seu filho ou sua filha, antes mesmo do nascimento, que amar é cuidar. Que corpo é templo. Que o simples é precioso”, observa.
Riscos e consequências
Quando não é devidamente controlada, a diabetes gestacional aumenta o risco de complicações como bebês com peso elevado, hipoglicemia neonatal e desconforto respiratório ao nascer.
“Mesmo dentro da barriga, eles correm risco de baixa de oxigênio. Infelizmente, podemos ter óbitos desses bebês ainda no útero da mãe. Além disso, gestantes que tiveram diabetes gestacional têm maior chance de desenvolver novamente a condição em uma futura gravidez e também de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida”, alerta Ana Carolina.
A principal causa da doença é a ação de um hormônio produzido pela placenta, que aumenta a resistência à insulina na gestante. Isso exige maior produção de insulina pelo pâncreas. Quando o órgão já está funcionando no limite – como em casos de obesidade, por exemplo –, não consegue manter o equilíbrio, levando ao aumento dos níveis de açúcar no sangue.
O diagnóstico é feito por meio da dosagem da glicemia em jejum no primeiro trimestre ou entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez, com o teste oral de tolerância à glicose (TOTG).

Manter o corpo em movimento, optar por alimentos naturais e nutritivos, dormir bem e fazer exames regularmente são formas de prevenir a diabetes gestacional
Fatores de risco
Algumas mulheres apresentam maior propensão ao desenvolvimento da diabetes gestacional. Os principais fatores de risco incluem:
· Idade materna avançada
· Ganho de peso excessivo na gestação
· Sobrepeso ou obesidade
· Síndrome dos ovários policísticos
· Histórico pessoal ou familiar de diabetes gestacional
· Histórico familiar de diabetes em parentes de primeiro grau
· Hipertensão arterial sistêmica na gestação
· Gestação múltipla
*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)
Fonte: Agência Brasília