Como um viaduto impacta a vida da população? Olhando por alto, a resposta é até óbvia: melhora o fluxo do trânsito e reduz congestionamentos. Mas, se aproximarmos um pouquinho, é possível ver além.

Com investimento de R$ 30 milhões, o viaduto do Riacho Fundo – região que celebra 35 anos nesta quinta (13), substituiu a antiga rotatória de acesso ao Riacho Fundo, poupando tempo e dando mais segurança aos quase 80 mil motoristas que, diariamente, trafegam por esse trecho da EPNB | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília
Na casa da diarista Joana Maia, por exemplo, desde que o viaduto do Riacho Fundo foi erguido, os três filhos dela — de 3, 11 e 14 anos — acordam com o café da manhã na mesa. Isso só é possível porque a mãe, que antes despertava às 5h e saía às 6h para chegar às 8h no trabalho, no Plano Piloto, agora pode sair de casa às 6h45, o que lhe garante tempo de preparar a primeira refeição dos pequenos e comer ao lado deles. “Foi muito bom, tenho mais qualidade de vida, mais tempo, posso dormir até um pouco mais tarde. Até no financeiro também, todo dia eu gastava R$ 25 de café [da manhã] na rua”, celebra Joana.
O financeiro, aliás, é outro aspecto a ser observado. Não só o das famílias, mas o da cidade como um todo. Morador do Riacho Fundo há 30 anos, Márcio Macrini aponta que o viaduto valorizou imóveis e aqueceu o comércio local.

Márcio Macrini, morador do Riacho Fundo há 30 anos, diz que o investimento em infraestrutura valorizou a região e aqueceu o comércio local: “As pessoas querem mudar para cá e conhecer mais a nossa cidade” | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
“As pessoas querem mudar para cá e conhecer mais a nossa cidade, porque, antes, passavam e não sabiam o que tinha. Agora não, existe a possibilidade, por ter um espaço de tempo maior, de entrar, circular, verificar até o que tem de comércio, o que tem de bom, a produtividade, o que acontece aqui na cidade”, avalia o administrador de empresas e jornalista, para quem o viaduto era um sonho: “Às vezes a gente nem acredita”.
Transformação

“O Riacho Fundo foi criado como uma cidade-dormitório. Agora não. O Riacho Fundo tem uma vida própria”, celebra Neide de Lima | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
O sonho de Macrini, e da população do Riacho Fundo — região que completa 35 anos nesta quinta-feira (13) —, ganhou forma em 29 de novembro do ano passado. Batizada de Complexo Viário Deputado Carlos Lacerda — em homenagem ao ex-distrital que morreu em abril de 2024 —, a obra teve investimento de R$ 30 milhões, oriundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e gerou cerca de 150 empregos diretos. O viaduto substituiu a antiga rotatória de acesso ao Riacho Fundo, poupando tempo e dando mais segurança aos quase 80 mil motoristas que, diariamente, trafegam por esse trecho da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB).

“A gente tem a satisfação de acessar a EPNB e saber que temos um acesso exclusivo para quem vai para o Riacho Fundo, não precisa mais acessar aquele retorno, não tem fila, não tem trânsito”, diz Neliton Portuguêz
Essa segurança é outro impacto positivo na vida da população. “Aqui nós tínhamos muitos acidentes, porque [a EPNB] é uma via rápida, de velocidade. Hoje já não se registra mais, então melhorou muito”, relata Neliton Portuguêz, servidor da Administração Regional e morador do Riacho Fundo há 26 anos. “Hoje é mais tranquilo. A gente tem a satisfação de acessar a EPNB e saber que temos um acesso exclusivo para quem vai para o Riacho Fundo, não precisa mais acessar aquele retorno, não tem fila, não tem trânsito.”
Qualidade de vida, segurança, valorização… Quantas histórias cabem em apenas um viaduto? Cada um dos 44.464 moradores do Riacho Fundo, certamente, tem a sua própria. Mas comum a todos eles é a sensação de que a cidade foi transformada. E quem sintetiza isso é a aposentada Neide de Lima, que acompanhou a fundação da região, em 1990. “O Riacho Fundo foi criado como uma cidade-dormitório. Todos trabalhavam fora e vinham para cá só à noite, dormiam e voltavam. Agora não. O Riacho Fundo tem uma vida própria”, exalta ela, que, morando em Brasília desde a década de 1960, viu também a capital federal passar do sonho ao concreto: “Brasília se tornou essa cidade maravilhosa. Agradeço a Deus viver para ver isso”.
Fonte: Agência Brasília