Curso de horta comunitária e compostagem urbana é oferecido a 22 candidatos gratuitamente
O processo de compostagem na prática é bem simples. Consiste em triturar os restos e resíduos de comida, misturar com folhas secas ou serragem, deixar descansar por dez dias e depois aplicar no solo como adubo orgânico | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
LÚCIO FLÁVIO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA I EDIÇÃO: CAROLINA JARDON
Vinte e dois alunos estão até o dia 16 de agosto aprendendo a prática da compostagem urbana na Horta Comunitária da QE 38 do Guará. São dez módulos que, entre outras atividades, ensinam como fazer adubo orgânico com restos de comida. O projeto, pioneiro no Distrito Federal, conta com parceria do Instituto Arapoti e apoiadores da Emater-DF e do Sebrae-DF.
A ideia, segundo a administradora do Guará, Luciane Quintana, é “incentivar e fomentar o desenvolvimento econômico da cidade por meio da capacitação de jovens empreendedores”. Os inscritos são jovens entre 18 e 30 anos, das áreas da agronomia, engenharia ambiental, zootecnia, biologia e outras. Os palestrantes são voluntários, e o curso tem 30 horas compactadas em duas semanas, com direito a certificado no final.
A iniciativa do Guará serve de exemplo e oportunidade para que outras regiões administrativas do DF se interessem pelo projeto. A administração recebeu 48 inscrições, mas apenas 22 candidatos foram selecionados. A ideia é que mais outros dois ou três cursos sejam realizados ainda este ano no mesmo local.
“Apesar de eu cursar sociologia, essa é uma área de grande interesse minha, e acho que tem tudo a ver com meu curso, porque temos um projeto em Taguatinga de horta comunitária, então quero usar os conhecimentos aprendidos aqui para ampliar nossa ideia”, destaca Giovana Lizana, 26 anos.
“Estamos despontando como a primeira cidade do DF a realizar esse curso de capacitação de horta comunitária e compostagem urbana; é uma ideia que outras cidades podem copiar, bons projetos têm que ser replicados”, diz a administradora do Guará.
Troca de experiências
Compostagem é a reciclagem de resíduos orgânicos. Segundo estatísticas nacionais, 50% do que é consumido vira resto de comida. Um problema enfrentado pelo poder público, geralmente, é a destinação desse material que, se bem-aproveitado, pode virar adubo.
“Hoje esse material é levado para um único lugar do DF, sobrecarregando o SLU [Serviço de Limpeza Urbana], e fica muito caro para o cidadão e para o governo”, avalia a engenheira ambiental Dái Ribeiro, do Instituto Arapoti. “A compostagem pode ser uma alternativa para o destino dos resíduos orgânicos, usando o resto de comida para ser reciclada em adubo.”
O processo na prática é bem simples. Consiste em triturar os restos e resíduos de comida, misturar com folhas secas ou serragem, deixar descansar por dez dias e depois aplicar no solo como adubo orgânico.
“A compostagem se dá de forma natural porque os próprios fungos e bactérias fazem isso naturalmente. Geralmente, no método tradicional, se gastam 120 dias para o adubo ficar pronto; por esse processo, demora menos e as plantas nascem mais rápido”, conta a especialista. “Tudo vem da terra e volta para ela, fechando um ciclo.”
Na horta do Guará há mais de 50 tipos de ervas medicinais, verduras, vegetais e frutas. “Quem é voluntário vem, trabalha e ganha uma cesta de produtos orgânicos no final da colheita”, conta a administradora. “É lugar ideal para trocar experiências. Com certeza, está sendo um grande aprendizado”, defende a estudante de engenharia ambiental Raíssa Leite, 25 anos.