O motorista que atravessa a Ponte Costa e Silva não é capaz de notar qualquer reforma por ali. Apenas uma das três faixas interditadas e poucos operários trabalham em cima do elevado. Mas, é na estrutura interior que o trabalho é intenso. Cerca de 100 homens se revezam diariamente para corrigir problemas estruturais e reforçar a sustentação da ponte, que liga o Plano Piloto ao Lago Sul e regiões vizinhas. Uma obra grandiosa, coordenada pela Novacap, e que trará segurança e modernidade para 15 mil pessoas que passam diariamente no local.
O investimento por parte do governo é de R$ 13,6 milhões e a obra é conduzida pela empresa Concrepoxi Engenharia, contratada pela companhia. Esse valor ainda deve aumentar cerca de 50%, por conta de um aditivo de contrato necessário. Projetada por Oscar Niemeyer e construída em 1976, não são poucos os problemas na “cinquentona” Costa e Silva: fissuras, infiltrações, partes ocas nas paredes da estrutura (brocas) e cabos de aço desgastados.
“A ponte nunca teve uma reforma dessa magnitude desde a construção. Trata-se de uma obra da década de 1970 e que só passou por uma manutenção mais ‘estética’ desde então”, explica o diretor de Edificações da Novacap, Rubens Pimentel Jr. “As intervenções que não são enxergadas são as mais importantes: fazer um tratamento na parte estrutural para garantir a estabilidade e a segurança”, reforça.
Visita ao interior da ponte
A equipe de engenheiros responsável pela reforma recebeu a reportagem da Agência Brasília e permitiu o acesso à parte interna sob a ponte. Lá dentro, em três enormes túneis chamados pelos técnicos de “caixões perdidos”, os reparos são executados. “Por ter começado no segundo semestre do ano passado, alguns pensam que a reforma atrasou. Mas é um trabalho complexo e minucioso que é feito diariamente”, detalha Pimentel.
Os técnicos contam ainda que há o desgaste natural, após décadas, no material usado para dar sustentação ao elevado. “É o que chamamos de patologia externa. A oxidação atinge os cabos de aço usados para dar sustentação à ponte e esses precisam ser corrigidos. Os operários também abrem as paredes para consertar as infiltrações, entre outras dificuldades”, revela o engenheiro da Diretoria de Edificações (DE), Carlos Alberto Spies.
Nova passarela e iluminação em LED
Depois de recuperado o interior da ponte, virá a parte mais bonita de se ver: a de cima. Todo o asfalto dos 450 metros de extensão será trocado por um novo. A Costa e Silva ganhará ainda uma passarela de pedestres que passará por debaixo e ligará dois pontos do Lago Paranoá, além de nova iluminação, toda em LED (veja abaixo mais melhorias). Mas serão mantidas as características originais como as três faixas de rolamento e os semáforos.
Spies lembra ainda que o projeto prevê a urbanização nas bordas do lago, nas quais os pedestres poderão circular por calçadas. E o conceito de modernidade também estará presente. “Na parte de cima da ponte, teremos uma passagem com acessibilidade e mais ampla para ciclistas e pedestres”, observa o engenheiro. “E a nova passarela será um ponto de observação interessante, para o pessoal apreciar o lago e andar por ali”, finaliza.
Melhorias na nova Ponte Costa e Silva
– Construção de uma passarela de pedestres sob a ponte, ligando a orla próximo à Prainha ao trecho 1 do Setor de Clubes Sul;
– Passagem para pedestres e ciclistas nas duas bordas do elevado, medindo 1,5 m cada uma. Instalação de guarda-corpos em ambas as bordas;
– Pintura de toda a ponte em poliuretano, o que aumenta a durabilidade para até 25 anos;
– Recapeamento das três faixas de rolamento, com uso de 250 m³ de asfalto;
– Troca da iluminação convencional para a de LED. Iluminação agora será nos dois lados da ponte;
– Reparos nas fissuras da estrutura e substituição das juntas de dilatação;
– Reforma da cabeceira da ponte;
– Instalação de cabos de protensão para maior estabilidade.
Rafael Secunho, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger
Fonte: Agência Brasília