“O objetivo desta jornada é mobilizar a sociedade, trazer as lideranças para perto e levar a comunidade para conhecer os espaços de acolhimento e de atendimento às mulheres vítimas de violência” Ericka Filippelli, secretária da Mulher
Moradores de Samambaia contam, até o fim desta semana, com uma série de ações promovidas pelo programa Jornada Zero Violência Contra Mulheres e Meninas, fruto de parceria entre as secretarias da Mulher (SM) e de Segurança Pública (SSP) com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
São sessões de bate-papo que incluem a participação dos homens, capacitação dos funcionários da administração local, palestras para moradores e uma caminhada para apresentar os espaços de denúncia, acolhimento e atendimento às vítimas, como delegacias e unidades dos centros de referência de Assistência Social (Cras) e Especializado em Assistência Social (Creas), bem como os conselhos tutelares e as delegacias. Também serão divulgadas as ações dos programas de Assistência à Violência (PAV) e Prevenção Orientada à Violência Doméstica e Familiar (Provid).
A secretária da Mulher, Ericka Filippelli, reforça: “O objetivo desta jornada é mobilizar a sociedade, trazer as lideranças para perto e levar a comunidade para conhecer os espaços de acolhimento e de atendimento às mulheres vítimas de violência; e, mais do que isso, convidar todos para que se preparem e sejam multiplicadores dessas informações, nos ajudando no enfrentamento à violência contra a mulher”.
Para conscientizar moradores e lideranças locais sobre como combater a violência de gênero e saber como denunciar, estão programadas várias palestras sobre o tema – como um bate-papo com a subsecretária de Promoção das Mulheres, Fernanda Falcomer, sobre capacitação e autonomia econômica. Também foi convidado o defensor público federal Kleber Vinicius de Melo para falar sobre as formas de combate à violência doméstica. Gratuitos, esses encontros ocorrem na Vila Olímpica, em Samambaia Sul.
“É muito importante receber um programa como o Jornada para conscientizar todas as mulheres sobre onde elas podem recorrer para denunciar e pedir ajuda. E, também, alertar os homens sobre essa questão da violência de gênero”, elogia o administrador de Samambaia, Gustavo Aires. “Inclusive, capacitaremos nossos servidores para falar da importância da prevenção e de como prestar auxílio à vítima que pedir socorro.”
Machismo para homens
Cerca de 28 homens se reuniram no auditório do Centro de Ensino Fundamental 619, em Samambaia Norte, para ouvir falar sobre machismo, responsabilidade masculina quando o assunto é violência contra a mulher e como denunciar esse tipo de crime. Também foram apresentados aos serviços oferecidos pelos equipamentos do GDF para acolhimento das vítimas e agressores existentes em Samambaia. A ideia é que eles saibam onde procurar ajuda e que se tornem multiplicadores dessas informações.
“O machismo é algo com o qual a gente convive diariamente, desde pequeno; então, é muito importante que essa conscientização venha cedo”, avaliou o funcionário da Administração de Samambaia Marcelo Batista da Silva, 37 anos. “Tudo começa com a formação, com a educação, ainda na infância”. Ele conta que já presenciou situações de abuso e violência, muitas vezes, dentro da própria casa, e que ao longo da vida precisou desconstruir esses modelos para não perpetuá-los.
Esse encontro foi conduzido pelo sociólogo Reginaldo da Silveira Costa. Ele explicou que muitos dos comportamentos violentos são históricos e que ainda precisam ser mudados: “A sociedade viveu, por séculos, com uma cultura que naturaliza a violência e o descaso contra as mulheres. Por isso, é preciso reconsiderar esses costumes e que nós, homens, percebamos nosso papel para que a mudança aconteça.”
Também participaram do bate-papo a coordenadora dos equipamentos da SM, Edeuzane Steinmetza; a chefe do Núcleo de Atendimento à Família e Autores de Violência Doméstica (Nafavd) de Samambaia, Tania Rocha Oliveira, e o psicólogo Victor Valadares, também do Nafavd local. “Esse tipo de atividade é fundamental como ponto de partida para que os homens comecem a discutir e a compartilhar visões, percepções e violências sofridas e cometidas; para que eles possam se conhecer e repensar os próprios comportamentos”, disse Victor Valadares.
Mobilização
O programa Jornada Zero tem objetivo de mobilizar a população do Distrito Federal para divulgar e fortalecer da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres. Por meio de cartazes e folders informativos, a equipe do Jornada Zero vai orientar a população sobre como denunciar casos de violência contra a mulher, além de esclarecer sobre onde procurar ajuda para a vítima e apresentar os serviços de acolhimento.
Representando a SSP no lançamento do programa, o secretário executivo de Segurança Pública, delegado Milton Neves, falou da eficácia da iniciativa: “Temos projetos que são de extrema importância nessa temática; e, sem dúvida, o Jornada Zero Violência será mais um canal de divulgação para a população, como o monitoramento de vítimas de violência realizado pela Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas [DMPP], o Viva Flor e o excelente trabalho conduzido pela Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios”.
O programa visitará todas as regiões administrativas do DF e Entorno. Samambaia é a segunda região a receber o Jornada Zero. Em 2019, a Secretaria da Mulher, em parceria com o UNFPA, lançou o projeto-piloto do programa no Paranoá, escolhida por ter, à época, um dos maiores índices de feminicídio e de violência de gênero da capital, segundo dados da SSP.
Programação desta quarta-feira (14)
- Palestra: Autonomia econômica. Às 16h, na Vila Olímpica (QR 317, Samambaia Sul)
- Palestra da Defensoria Pública: às 17h, no mesmo local.
*Com informações da Secretaria da Mulher
Fonte: Agência Brasília