Profissionais da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) vieram conhecer a diretriz interdisciplinar do Hospital da Criança de Brasília (HCB) sobre o atendimento da dermatite atópica (DA) em casos moderados e graves. O HCB promove, mensalmente, reuniões educativas sobre esse tema.
A DA é uma doença crônica imunológica de pele que causa prurido, inflamação e se apresenta nas dobras do corpo, mas pode ocupar uma extensão maior. Nos Estados Unidos, é detectada em 20% da comunidade infantil. Já no Brasil, onde a incidência é da ordem de 10%, a doença, em 50% dos casos, se manifesta até o primeiro ano de vida da criança.
“Depois de mais de 20 anos de luta no tratamento dessa doença, estamos lançando a nossa diretriz de tratamento interdisciplinar com a importância da atuação de vários profissionais – médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos”, afirmou a coordenadora da equipe de alergia do HCB, Claudia Valente.
Tratamento
“Essa nossa ação coincide, no Brasil e no mundo, com o lançamento de medicamentos que vêm possibilitar o controle de uma doença que tem impacto”, disse a médica. A principal preocupação, apontou, é esclarecer sobre aspectos nem sempre divulgados sobre a DA. “Alergistas e epidemiologistas precisam informar que a criança com dermatite atópica não dorme, se coça a noite inteira”, exemplificou.
A médica Ana Paula Moschione, do Instituto de Dermatite Atópica da USP, referência no tratamento, lembrou que há grande chance do paciente de DA desenvolver alergia alimentar, rinite e maior risco de asma, além de doenças cardiovasculares. Segundo ela, o fator genético é preponderante, e o ambiente pode ocasionar o disparo da alergia. Ela relatou várias experiências com medicamentos novos, em uso desde 2016. Aproveitou para alertar sobre o uso indiscriminado do corticoide, que apontou como não indicado.
Medicação
“Hoje, a evolução no campo de medicamentos tem contribuído de forma significativa para a qualidade de vida dos pacientes, inclusive a partir dos 6 meses de idade. São medicamentos que trazem o melhor perfil de segurança, podem ser usados a longo prazo e, com isso, vão conferindo a eficácia principalmente em pacientes pediátricos. A dermatite hoje é mais tem-tratada. O que precisa é o acesso, para que chegue a todos os pacientes”.
Ana Paula apresentou grupos de inibidores utilizados para controlar a doença, mas lamentou que os pacientes de hospitais públicos ainda não consigam ter acesso. “É preciso lutar para que esse avanço científico chegue a todos os brasileiros que precisam cuidar dessa doença”, disse. “Eu sugiro que conversemos muito, que se bata à porta e se apresente a dermatite atópica como uma doença que tem uma dor muito grande, que traz comorbidades, doenças associadas, para que as pessoas se sensibilizem e a coloquem na lista de prioridade dos cuidados dos pacientes com doença crônica”.
*Com informações do HCB
Fonte: Agência Brasília