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Família Acolhedora: lar temporário para quem precisa e com muito amor

Dulcinéia e Edmar Franzmann estão com um bebê de 11 meses em casa. Ele nasceu prematuro, operou o coração e passa bem. A criança não é filha do casal, nem parente e não será adotada por eles. Juntos há 21 anos, moradores de Blumenau e com três filhos biológicos, eles participam do serviço “Família Acolhedora” e já receberam quatro crianças – uma de cada vez.

Esses meninos e meninas, por motivo de abandono ou violação de direitos, foram afastados das famílias de origem. Em vez de ficarem num abrigo institucional, têm a possibilidade de morar de forma provisória com uma família que os recebe e lhes oferece cuidado e atenção.

Um dos objetivos do serviço é que as crianças acolhidas tenham uma experiência integral de convívio familiar e social, até que seja viabilizado o retorno para sua família ou o encaminhamento para adoção. Em Santa Catarina, de acordo com a Comissão Estadual de Adoção Judiciária do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), há 281 famílias cadastradas no sistema.

Para ser uma dessas famílias, é preciso atender certos requisitos, como ter acima de 21 anos, não ter interesse em adotar e não possuir antecedentes criminais. A pessoa pode ser casada ou solteira. “É uma troca diária de afeto e de aprendizado, mas é desigual porque as crianças nos ensinam muito mais, nos enchem de carinho e nos surpreendem a todo momento”, conta Dulcinéia. O objetivo, complementa Edmar, é dar uma “overdose de amor” para que elas sintam que são amadas e merecedoras de todo o afeto.

Emocionados e acompanhados do filho caçula, eles consideram um privilégio receber essas crianças. “Nós, que recebemos crianças pequenas, somos o primeiro norte, a primeira direção”, sublinha Edmar. Para que no futuro a criança saiba o que viveu, as conquistas que teve, eles anotam cada passo no “livro da vida”, uma espécie de diário com fotos. Dessa maneira, a história pessoal é preservada.

A convivência é temporária e o casal recebe treinamento e se prepara para o desligamento. Antes disso, eles participaram de uma capacitação, passaram por estudo psicossocial e foram aprovados por uma equipe técnica. A decisão de fazer parte deste serviço deve ser da família toda, de forma consensual, e todos precisam entender o propósito do acolhimento. Os filhos de Dulcinéia e Edmar abraçaram com entusiasmo a ideia.

A juíza Simone Faria Locks, titular da Vara da Infância e Juventude de Blumenau, participou desde o início da implementação do projeto na cidade, em 2018, e conta que ficou encantada quando viu, na prática, os resultados positivos do serviço. “Esta convivência familiar e comunitária estimula o desenvolvimento cognitivo, físico e emocional dos acolhidos e, com certeza, faz toda a diferença no futuro de cada um deles.” A magistrada faz questão de ressaltar a disponibilidade das famílias, o cuidado e o afeto com que acolhem as crianças e os adolescentes, e destaca a importância do trabalho em rede.

Realizado pelo município em parceria com o Judiciário, o serviço é responsável pela seleção, capacitação e acompanhamento das crianças e das famílias acolhedoras, que recebem um salário mínimo para ajudar nas despesas. Um dos objetivos do serviço, segundo a diretora de Proteção Especial da Secretaria de Desenvolvimento Social de Blumenau, Maria Augusta Buttendorf, é possibilitar que a criança aprenda ou reaprenda a estar em família. “Assim, quando for adotada ou voltar para a família de origem, estará mais completa e tranquila para dar este passo.”

É exatamente este ponto que Edmar salienta, já no fim da entrevista, com o gravador desligado. “Quando as crianças vão embora, dá, claro, uma dorzinha no peito, mas a alegria em saber que elas estão indo mais felizes do que quando chegaram é a nossa maior recompensa, é a prova que cumprimos nossa missão e fizemos a diferença na vida delas.”

Fonte: TJSC

Fonte: Portal CNJ – Agência CNJ de Notícias

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