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Reeducandas da Penitenciária de Abreu e Lima, em PE, concluem capacitação

Quarenta reeducandas do Presídio Feminino de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, deram um importante passo para a reinserção social através do mercado de trabalho. Na quinta-feira (20/7), foi realizada a cerimônia de conclusão do curso de capacitação profissional nas áreas de empreendedorismo, gastronomia e beleza, promovido numa parceria entre a Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Pernambuco (Sebrae/PE). O curso faz parte das ações do Projeto Recomeçar, da Coordenadoria da Mulher; e do Programa Sebrae Delas.

Confira as fotos do evento.

Iniciando a solenidade, a gerente de Articulação Institucional do Sebrae, Roberta Correia, falou da alegria pela conclusão do primeiro ciclo de capacitação. “Quando a gente fez a parceria com o Recomeçar, a gente não se via só como uma parceria de recomeço, mas uma parceria que representava um voo para quem vai empreender. O Sebrae está aqui com o propósito de auxiliar vocês nesse voo que é o empreendedorismo”, afirmou.

Roberta Correia aproveitou a oportunidade para anunciar que as mulheres que estejam ingressando no regime semiaberto continuarão tendo o apoio da entidade para dar prosseguimento ao processo de capacitação. Ela também confirmou a disponibilidade da instituição para promover as próximas turmas no ano que vem.

A coordenadora da Mulher do TJPE, desembargadora Daisy Andrade, se emocionou ao parabenizar as mulheres pela conclusão do curso. “Eu cumprimento vocês mulheres que vivenciaram e protagonizaram um momento diferente na vida de vocês e também em todo o sistema. Quando a gente olha para a imagem do Projeto Recomeçar é possível ver a silhueta de uma mulher, as suas asas e toda a ideia da transformação que uma borboleta pode fazer na vida de uma pessoa. E eu posso afirmar que conseguimos enxergar isso no semblante de cada uma aqui. No primeiro dia que viemos lançar o projeto, vocês eram umas e hoje vocês são outras pessoas”, declarou.

“Vocês estão vivendo uma circunstância, mas essa circunstância não vai impedir que pensem na vida que existe lá fora. E é exatamente essa a proposta. Então para nós que fazemos o Poder Judiciário é muito gratificante ver o resultado e ter essa notícia que foi dada aqui pelo Sebrae. Sempre quisemos que esse não fosse apenas um projeto piloto, mas que fosse um pontapé inicial para muitas transformações e espero que isso venha acontecer em todo o Sistema Prisional feminino, em todo o estado”, comemorou a magistrada.

Também em nome do TJPE, o gestor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF), desembargador Mauro Alencar, felicitou as participantes pela conquista. “O curso foi feito aqui dentro, mas para ser usado lá fora. Todos nós sabemos da dificuldade que as pessoas que passam pelo Sistema Prisional enfrentam ao sair, dificuldade de se reinserir na sociedade, de voltar a trabalhar. Então com essa notícia de que as portas do Sebrae estão abertas para vocês, significa que vocês poderão procurar outros caminhos lá fora. Que esse curso seja o primeiro de muitos outros que vocês ainda farão”, destacou o desembargador.

Em seguida, o secretário Executivo de Ressocialização, Paulo Paes Araújo, falou sobre a necessidade de realizar ações voltadas ao público das unidades prisionais femininas do estado. “A gente vê as unidades femininas um pouco desassistidas e é uma coisa que não vamos mais admitir, temos que ter um olhar diferente em relação a isso. Não só com relação a cursos e momentos como esses aqui, mas também no âmbito do atendimento jurídico e social, além de atendimento dentário, que precisa muito. É tão importante essa palavra recomeçar, porque não estamos aqui olhando o que se fez ou deixou de fazer, estamos olhando para seres humanos”, defendeu.

Para a diretora da unidade penitenciária, Elisângela Santana, o sentimento era de gratidão. “Gratidão a Deus por estarmos fechando esse ciclo, essa capacitação aqui na unidade. Agradecer a doutora Daisy e a todo o TJPE por estar tendo esse olhar para com a nossa população carcerária feminina que tanto necessita desse olhar. Que a gente possa seguir em parceria, trazendo novas oportunidades. Quero agradecer ao Sebrae e à Verda + que nos ajudaram a chegar ao final. Parabéns a todas vocês que concluíram essa etapa e que possam abraçar as novas oportunidades que virão”, saudou.

Representando o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), a gestora Vanessa Souza defendeu a preparação para o futuro. “Falar sobre uma capacitação dentro de uma unidade prisional é muito importante, pois a missão do Senac é dar o treinamento para que depois vocês coloquem em prática na vida profissional. Isso aqui é uma semente, um momento, e quando ele passar vocês estarão preparadas para o mercado de trabalho”, afirmou.

Dando continuidade ao evento, a diretora do laboratório global de inovação social Verda [+], Ludmila Valença, parabenizou a todas e falou do aprendizado mútuo. “Nessa vivência que tivemos com vocês, tenho certeza de que tanto para mim quanto para a equipe da Verda, foi de bastante aprendizado, de coisas que não podemos medir em números como a convivência no dia a dia, a coletividade que a gente conquistou e a relação que construímos com vocês”. As aulas, que tiveram início em abril deste ano, tiveram 10 módulos, distribuídos em 12 encontros, e foram aplicadas pelas facilitadoras do Verda [+] Tassiana Carvalho, Marcela Samara, Dany Creuza e Andrezza Araújo.

Ludmilla também apresentou o resultado dos principais indicadores medidos no início e no final do projeto. Foi avaliada a autopercepção das mulheres em relação ao seu nível de conhecimento, que é como elas próprias se veem em relação a cada aspecto. Os números mais expressivos foram obtidos em relação a indicadores como aptidão para empreender, com aumento de 45%; ideia de negócio que obteve também 45% de crescimento; conhecimentos em marketing e comunicação que teve crescimento de 54%; e organização financeira pessoal com um acréscimo de 63%.

Como forma de parabenizá-las, as concluintes receberam um kit de higiene ofertado pela Associação dos Cônjuges de Magistrados do Estado de Pernambuco (ACMEPE), na ocasião representada pela sua diretora financeira, Jaqueline Caldas. O evento contou ainda com a apresentação musical de Tiago Cosmo, com voz e violão e distribuição de brindes. Após a entrega dos certificados, o sentimento era de alegria e esperança entre as concluintes da capacitação. Confira o que disseram algumas delas:

Lisângela Araújo, que tem 47 anos, fez a capacitação na área de gastronomia e já tem planos de colocar em prática o que aprendeu com a abertura de um negócio próprio. “Achei muito proveitoso e estou muito agradecida por ter essa oportunidade pra aprender, pra conviver e viver coisas da rua, porque já faz cinco anos que estou no presídio. Foi muito bom, muito proveitoso. Meu plano é de sair e montar uma lanchonete, um restaurante, algo assim. A expectativa tá grande e agora com o curso aumentou mais ainda”, disse.

Para Cristiane Renata, de 50 anos, o curso de empreendedorismo e design de sobrancelhas representa uma oportunidade a mais de trabalho, que pode ser compartilhada com suas companheiras. “É uma oportunidade a mais pra gente ter o nosso próprio negócio. Isso é uma oportunidade única que a gente tem aqui dentro de termos a chance de ter um futuro pela frente. Poder compartilhar que ‘eu sei fazer unha’, outra que ‘eu sei fazer um cabelo’, a outra que sabe fazer um design de sobrancelha e se associar com outras pessoas. Quem sabe abrir uma microempresa”, almeja Cristiane.

Segundo Karolyne Mota, de 25 anos, o curso é uma forma de recomeçar a vida e deixar o passado para trás. “Se não fosse o curso, o empenho da diretora em proporcionar um curso tão bom, com o apoio do Sebrae, pra fazer a gente ter outra visão e ter uma perspectiva de vida melhor lá fora, eu não teria esse pensamento. Mas graças a Deus eu tô com esse pensamento de sair e ter uma nova perspectiva, poder ser uma mulher de negócios, uma mulher empoderada e fazer tudo certinho conforme a Lei manda”, conta a jovem que concluiu a capacitação nas áreas de empreendedorismo, maquiagem e design de sobrancelhas.

No último fim de semana, as mulheres realizaram uma feirinha entre as próprias reeducandas para exercitar o empreendedorismo. O intuito é dar continuidade às atividades de forma periódica, realizando a venda de alguns produtos como higiene e beleza, doces e salgados.

Fonte: TJPE

Fonte: Portal CNJ – Agência CNJ de Notícias

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